O barulho cotidiano é quase funk. Horrível.
Tem horas que somente uma boa e generosa dose de silêncio e quietude nos faz
bem a alma. Ao sentimento. Essa solidão é predestinação, não abandono, mas
possivelmente uma escolha; está-se e não se está só, ao mesmo tempo, sem se
contradizer. É canteiro de obras, não escombros. E assombro.
A solidão de quem sente só dói no
coração de quem vê. Não é a toa que os amigos se inquietam ao ver-nos cerrados.
Aos amantes é quase tortura. Postar-se frente a uma porta fechada é
desconfortável, além de preocupante. Essa “porta dos desesperados” pode conter
um lindo brinquedo, ou um monstro terrível. Mas para os que sentem é refresco,
é banho de mar em pleno verão.