quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O Twitter e a Comunicação

O Grito – quadro de Edvard Munch

O vestibular é conhecido por mudar a vida e o futuro das pessoas pelo efeito que gera. Ser aprovado é de dividir a vida. Mas esse ano a UERJ colaborou particularmente antes mesmo de divulgar seu resultado. O tema da redação me foi motivo de grande achado. Após a transcrição de um trecho da fala de Saramago em entrevista, onde o autor disse considerar o Twitter um “empobrecimento da comunicação” por limitar a fala a 140 caracteres, a seguinte pergunta se lia:

“Você concorda que há um empobrecimento das formas de comunicação?”

Seres humanos são pobres. É tão difícil entender isso? Não avalio ser penoso concluir que as pessoas dão utilidades fúteis a instrumentos ricos. Precisamos voltar àqueles exemplos infantis onde comparamos o invento de Santos Dumont e a utilidade dada pelos norte-americanos em Hiroshima. Estou plenamente convicto que não há empobrecimento das formas de comunicação, mas sucateamento da habilidade de se comunicar.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O Engano na Sinceridade

Antes de começar quero esclarecer que esse texto foi elaborado depois de reflexões sobre o artigo que minha amiga Adriana escreveu em seu blog (veja aqui). Não viso crontradizer, espero complementar.




“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” Jeremias 17:9

Não está no dicionário, mas posso afirmar: redondo é um dos sinônimos para sinceridade. No linguajar popular, leio “sinceramente enganado” quando ouço “redondamente enganado”. Embora a palavra sinceridade não aceite a ideia de erro, visto que denota integridade, tal atributo está longe de ser igualado à verdade devido à corrupção do homem pelo pecado.

A sinceridade pode ser uma forma de auto-engano. A sinceridade do ato e do sentir gera a tendência de os tratamos como verossímeis, semelhantes à verdade, validando-os. O profeta bíblico Jeremias alerta que o coração, símbolo do sentimento e da razão humana, é enganoso e que não é possível o dominar a ponto de conhecê-lo completamente. Não há quem possa contradizer. Dessa forma, não podemos, por si só, creditar aos nossos pensamentos e sentimentos o valor de verdade. Ainda que, ao ser sincero, sou fiel ao que sinto, posso não ser fiel ao que verdadeiramente sou. Meu sentimento pode me enganar.

Já pensei ser amor o que sentia. Já pensei ser mais do que jamais seria. Para menos ou para mais, tanto faz. Desde que nasci já mudei incontáveis vezes.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Cansaço


“Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento”. Hebreus 5:12

Considero-me enfadado pela ideologia cristã massificada nas atitudes nocivas dos evangélicos atuais. Não lanço todos em um mesmo balaio. Claro. Nem seria louco de insurgir contra o cristianismo. Não é esse meu intuito. Mas como me professo cristão protestante, rebelaria-me contra minhas bases caso julgasse impróprio criticar o pensamento infantil marcante da “classe”, melhor, de parte majoritária dela.

Há pouco lia algo interessante, relembrando as palavras de um sábio pastor que diversas vezes me disse: “O Evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens”. Percebi ainda mais claramente, quão distante o pensamento evangélico atual está da verdadeira Boa Nova. Pregar o Evangelho ao homem para salvação deixou de ser prioridade e base do cristianismo para dar lugar a pensamentos de prosperidade, autoritarismo (por quem pode) e subordinação cega a novos intermediários entre Deus e o homem. Prega-se parte do evangelho, para partes do homem, para alguns homens.

O cristianismo há tanto tempo enraizado em nosso solo produziu milhões, esclareço, cerca de 26 milhões de evangélicos vivos atualmente, mas não os conduziu à maturidade. “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus”. Paulo desejava que os cristãos prosseguissem rumo à perfeição, mas para isso era necessário deixar esses rudimentos (Hb 6:1).

O cristianismo passa por uma nova reforma que nasceu de Deus para o Povo de Deus. Posicione-se criticamente diante dos pensamentos do senso comum da religião e pense nos perdidos, só neles. O mito da Caverna de Platão demonstra bem o papel do cristão: sair da caverna rumo à liberdade, conhecer o maravilhoso mundo que nos espera e voltar para libertar nossos irmãos, ainda que sejamos mortos por isso.

E lembrem sempre: "Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus" Salmos 20:7. A salvação para nosso mundo perdido repousa sob as mãos de um Deus lindo. Fale dEle

Liberdade a todos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Cristão e a Política

Boa Noite!

O primeiro post nesse blog deveria ser um assunto do qual minha alma se regozijasse, prazerosa, em dividir com meus amigos algo com o qual tive uma relação de amor e amor. Mas, princípios em primeiro lugar, não posso trair minha consciência tão facilmente. Preciso de todas as formas, dar voz ao clamor interno do meu coração, que num momento de pura revolta me obrigou a prometer que usaria de mim para opor convicções próprias a absurdos. Certamente falarei do que lhe compete também.

Frei Betto disse a pouco no Twitter: “Quem tem nojo de política é governado por quem não tem”. Se me permite complementar, se é que há o que complementar (o que digo subentende-se), gostaria de acrescentar um parênteses a sua fala bem após “governado”, grafando-se “(dominado)”, para que me faça entender claramente: “Quem tem nojo de política é governado (dominado) por quem não tem”.

Na semana que se passou vivenciei um trágico-feliz desengano, saindo do erro do que estava posto diante de mim, mas encoberto por minhas limitações. Sem mais me alongar, prosseguirei.

Ver a posição do senhor Silas Malafaia em público, que justificando sua mudança de opinião em relação a Marina Silva, me fez rever conceitos antigos sobre sua pessoa. Seu posicionamento oficial, declarado em seu próprio site na internet dói, até mesmo naquele mais “sangue-frio”. Marina não é esse monstro, não senhor. O monstro veste terno e gravata. (Veja o texto em: http://www.ministeriosilasmalafaia.com.br/_gutenweb/_site/pg_noticias.cfm?COD_MATERIA=384

Digo monstro, pois suas palavras não soam, rosnam agressivamente impensadas sobre pessoas por você desconhecidas. A que ponto pastor, seu conhecimento se eleva sobre a pessoa de Marina para lhe dirigir palavras do tipo “crente que dissimula”? Praguejar aos quatro ventos sua opinião errônea e controversa faz mal, muito mal. Quando se levanta contra o plebiscito, se levantas contra o direito de escolha e o dever do cristão. É cômico ter que dizer isso, mas falarei: seu papel de pastor é a conscientização. Não só do pastor, mas de todos, incluindo o senhor que, além de tudo, não vai além de todos. É como todos.

O grito não ensina, antes assusta e oprime. Domina aqueles que não podem, melhor, não sabem que podem não ouvir. Seria mais fácil deixar seu jatinho estacionado, sua milionária empresa pomposa e descer, como Cristo, aos mais baixos escalões da sociedade e ensinar-lhes o Evangelho da Graça de Jesus, que buscou uma revolução dentro de cada ser e não da política. Esses mesmos pobres que foram esquecidos nos governos que recebem seu apoio. Serra? A elite paulistana entende bem seu posicionamento, senhor empresário.

Esse não é o evangelho que propago.

Ao se falar em aborto, vi mais que posicionamento, vi imposição de valores e idéias. Sou cristão protestante, mas me recuso a apresentar diante de Deus uma alma convertida, se é que posso dizer convertida de verdade, ao qual a Boa Nova tenha sido empurrada goela abaixo como proposto. O abuso cometido não foi só contra a pessoa da Marina, mas contra os princípios cristãos também.

O Evangelho deveria trazer boas novas de LIBERDADE e não escravidão. Nada me faz crer que uma ditadura ou fascismo cristão levaria a sociedade a uma vida digna e separada para Deus. A santidade não brota da obrigação, mas do amor. Essa imposição levaria ao mesmo lugar que a história nos conta. Constantino, em Roma, ao impor o evangelho como religião oficial do império acabou por macular o verdadeiro. Possivelmente, devemos a esse erro ao fato de não termos uma religião tão pura quanto deveria. A igreja católica que o diga. Quando o Papa veio ao Brasil e pediu para que Lula declarasse o Brasil um pais cristão, achei um absurdo. Defendo o estado laico desde que fui ao dicionário para saber o que ele significa, por que não falaria o mesmo agora?

Outro princípio atravessado pela lança da “supremacia evangélica” é o do serviço, o chamado maior dos escolhidos de Deus. A troca que se faz nesse pensamento “Malafaico” é: domine ao invés de servir. Pensamento bem coerente com a atual teologia da prosperidade.

Ao vê-lo apoiar Serra e o pastor Manoel Ferreira apoiar a Dilma, lembro-me que recentemente houve ruptura da Assembléia de Deus que hoje se encontra sob sua presidência com todas as convenções nacionais, inclusive a que Manoel Ferreira integrava, dizendo que havia problemas na administração e que isso poderia comprometer seu bom nome.

Preocupo-me com aqueles que por ignorância e/ou ingenuidade acreditam que a voz de Deus se resume na voz de seu “representante na terra”, o pastor, bispo, apóstolos e tantos outros títulos que parecem fazer seus detentores esquecerem que não passam de meros homens, mortais. Muitos viram o abuso de Silas e deram glória a Deus. Não sei que Deus é esse.

Meu sentimento é de puro nojo. Toda essa corja rindo, se deliciando e se aproveitando da ignorância do povo. Minha fé entra aqui: estou certo que prestarão contas de seus atos.

A Igreja, que deveria lutar pela liberdade, se volta para pensamentos extremistas como os dos seus maiores inimigos religiosos, muçulmanos. Se já chegamos ao ponto de questionar a Democracia, que permitiu que todas as mãos tivessem o mesmo valor, a mesma democracia que permitiu que pensamentos absurdos como esses venham a público, não nos resta um futuro.

Como diz um provérbio que circula por aí: "posso não concordar com o que dizes, mas defenderei até o fim o seu direito de dizer". Isso é democracia.