sexta-feira, 29 de abril de 2011

Série: A Teologia Me Enganou - Deus Interventor II






Ao escrever o post anterior percebi que dele poderia derivar outro, dado o fato daquele não saciar meu intento. Retomarei o pensamento.

“O mundo vive “na expectativa de que Deus vai intervir”, evitando a doença ou curando, livrando da bala perdida, do roubo, da perda, adiando o luto ou até mesmo ressuscitando dos mortos; presumem que Ele escutará todas as orações garantindo finais felizes. A confiança e a fé são pautadas, fundamentadas, em um Deus que garante bem-estar e segurança.” Post anterior

Se existe uma “semiverdade”, esta é: Deus quer te ver feliz. Essa ideia, se levada às últimas consequências, ensina que aquilo que não me deixa feliz não comunica a totalidade da vontade de Deus. Portanto, todas as coisas ruins possuem apenas alguns motivos de ser: o diabo, o pecado ou (a meu ver o mais difícil de entender) Deus visando um propósito maior, ou seja, embora não deseje o mal, gera-o ou permite que aconteça para que seu propósito maior seja cumprido.

sábado, 16 de abril de 2011

Série: A Teologia Me Enganou - Deus Interventor I





Nunca me senti assim ao escrever um artigo, como que sobre uma corda bamba. Tatear no escuro, onde as pupilas dilatadas permitem apenas ver contornos de objetos pouco definíveis. Nunca minha busca por equilíbrio me deixou tão em xeque posto os opostos: ou Deus controla tudo, ou nada. Mesmo sob neblina escrevo, até que o sol a dissipe.

Palco de intensas batalhas entre calvinistas e arminianos (não me declaro nenhum dos dois, prefiro fazer a vez de conciliador), o controle total de Deus ou somente a sua intervenção na história me provocou imenso desconforto. Mas só nos movemos se algo nos colocar em movimento. Minhas concepções religiosas foram tiradas da inércia ao ler Brennan Manning  em seu livro “Confiança Cega”:

“A pretensão, toda via, é uma perversão tão traiçoeira, que a confiança [em Deus] não é apenas contaminada por ela, mas corrompida [....] A forma mais corriqueira de pretensão é a expectativa de que Deus vai intervir direta e secretamente nos assuntos humanos”

O mundo vive “na expectativa de que Deus vai intervir”, evitando a doença ou curando, livrando da bala perdida, do roubo, da perda, adiando o luto ou até mesmo ressuscitando dos mortos; presumem que Ele escutará todas as orações garantindo finais felizes. A confiança e a fé são pautadas, fundamentadas, em um Deus que garante bem-estar e segurança. Tudo isso é fruto de uma geração viciada em analgésicos, morfina, intolerante a dor e ao sofrimento, que, ao menor sinal de tempestade, mostra-se suscetível ao desespero; restando-lhe acreditar que a oração tem a obrigação de mudar o curso da vida.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Série: A Teologia Me Enganou - A Oração "Move" o Coração de Deus





Dentro do cristianismo protestante configuram-se diversos ídolos que, diferentemente do catolicismo, não possuem imagem, forma, mas um espírito, intocável. Questões teológicas cujas verdades não podem ser questionadas abrigam o perigo latente do erro e da idolatria. Dá-se às coisas privilégio de deuses. É comum textos como esse angariarem pareceres contrários, pois, como intenta esse blog, atacam "ídolos postos". Apontarei minhas ideias em direção a oração.

O senso comum diz ser necessário empenho em oração para lograr as bênçãos. "Súplicas e clamores" devem ser levantados a todo tempo. Vigílias durante a noite, campanhas de oração, jejum. Nossas petições devem ser repetidas até que Deus as responda. Aqui começa minha saga. 

A oração, mesmo regada de fé, não serve de instrumento para persuadir Deus a fazer algo, pois, se desejasse fazê-lo por causa do simples fato de fazer, não necessitaria de rogo. Trocando em miúdos, é ilógico imaginar que Deus queira realizar algo mas é impedido por carecer que alguém interceda, ferindo sua soberania. De igual modo fere também o amor se imaginarmos um Deus que sabe o bem a ser feito, mas não o faz porque ninguém pediu.