Li no livro "Feridos em Nome de Deus" que, na concepção de Paulo Romeiro, a vertente pentecostal do cristianismo protestante, nascida em terras do norte-nordeste e difundida por todo Brasil, herdou de seus coronéis a imagem de um líder intocável, que se coloca sobre o povo e o conduz. Acrescento que, sendo isso verdade, o uso de “peixeiras” e "hombridade" colaram permanentemente no pentecostalismo, tornando a caminhada cristã uma verdadeira cruzada pela conquista e manutenção do Reino dos Céus.
A frase "o Reino dos céus é tomado a força" completa todos os espaços vazios na boca do crente que faz do mérito pré-requisito para sua salvação. Encheu a minha um dia. Nessa argumentação, é necessário o empenho de força, sacrifício e esforço para alcançar o Reino de Deus que está estático, esperando ser alcançado e conquistado por pessoas dignas que trilharam o caminho da dor e do abandono de si mesmo, em um esforço hercúleo. E venceram.
Observe a presença das frases "abandono de si mesmo", "caminho da dor", "sacrifício" e "esforço". Tais palavras conduzem a razão a concordar e validar o pensamento antes mesmo de aprofundar a reflexão. Mas nada seria mais errado e traidor dos ensinamentos e da fé cristã se tomarmos por base a Graça pregada pelo Cristo.