terça-feira, 22 de março de 2011

Série: A Teologia me Enganou: O Reino dos Céus é Tomado a Força




Li no livro "Feridos em Nome de Deus" que, na concepção de Paulo Romeiro, a vertente pentecostal do cristianismo protestante, nascida em terras do norte-nordeste e difundida por todo Brasil, herdou de seus coronéis a imagem de um líder intocável, que se coloca sobre o povo e o conduz. Acrescento que, sendo isso verdade, o uso de “peixeiras” e "hombridade" colaram permanentemente no pentecostalismo, tornando a caminhada cristã uma verdadeira cruzada pela conquista e manutenção do Reino dos Céus.

A frase "o Reino dos céus é tomado a força" completa todos os espaços vazios na boca do crente que faz do mérito pré-requisito para sua salvação. Encheu a minha um dia. Nessa argumentação, é necessário o empenho de força, sacrifício e esforço para alcançar o Reino de Deus que está estático, esperando ser alcançado e conquistado por pessoas dignas que trilharam o caminho da dor e do abandono de si mesmo, em um esforço hercúleo. E venceram.

Observe a presença das frases "abandono de si mesmo", "caminho da dor", "sacrifício" e "esforço". Tais palavras conduzem a razão a concordar e validar o pensamento antes mesmo de aprofundar a reflexão. Mas nada seria mais errado e traidor dos ensinamentos e da fé cristã se tomarmos por base a Graça pregada pelo Cristo.

terça-feira, 15 de março de 2011

Série: A Teologia Me Enganou - Deus Temível





Ouvindo o “herege” Jorge Vercillo percebi: “a gente cresceu ouvindo histórias demais, pra enraizar a culpa em cada um de nós...”. Embora a intenção de sua fala seja questionável, sua afirmativa lançou luz sobre minha infância: eu cresci com medo de Deus.

Lembro-me que fiquei aterrorizado com a aparente violência de Deus interrompendo uma linda festa, cheia de música e danças, e matando um Uzá que segurou a Arca da Aliança para que ela não caísse no chão. Exclamei: “tadinho dele! Ele só queria ajudar!” Não havia explicação capaz de me confortar. Como se fosse pouco, certa vez ouvi de minha professora da escola bíblica dominical: “pra entrar no céu você precisa tirar dez! Em tudo!” Pronto. Além de violento, agora Deus era pior que todos os meus professores juntos, corrigindo a “prova da minha vida” com uma caneta vermelha na mão, pronto para assinalar meus erros. E se Ele era o mesmo Deus de Israel, mandaria um povo de terras distantes para me castigar.

Deus não podia ser questionado, a fé não podia ser indagada, o erro era intolerável. A punição, infalível.

Série: A Teologia Me Enganou - Nota Introdutória

Essa série nasceu da necessidade que senti de organizar as principais mudanças na minha concepção de Deus e compartilhar os sentimentos e pensamentos que fizeram meu cristianismo se renovar, na passagem da adolescência para a juventude. Esse foi o momento que considero mais importante na minha caminhada cristã até agora: quando os “porque sim” deixaram de ser suficientes para meus “por quês” e saí em busca de respostas mais coerentes. E tenho achado.

Não é uma crítica ao estudo teológico, como se a Teologia fosse ruim. Longe disso. Uso a palavra teologia na sua raiz, usada pela primeira vez por Platão: para referir-me à compreensão da natureza divina de forma racional. A Forma como as pessoas pensam sobre Deus.

A constatação é cruel: muitos se enquadrarão nos posts.