terça-feira, 22 de março de 2011

Série: A Teologia me Enganou: O Reino dos Céus é Tomado a Força




Li no livro "Feridos em Nome de Deus" que, na concepção de Paulo Romeiro, a vertente pentecostal do cristianismo protestante, nascida em terras do norte-nordeste e difundida por todo Brasil, herdou de seus coronéis a imagem de um líder intocável, que se coloca sobre o povo e o conduz. Acrescento que, sendo isso verdade, o uso de “peixeiras” e "hombridade" colaram permanentemente no pentecostalismo, tornando a caminhada cristã uma verdadeira cruzada pela conquista e manutenção do Reino dos Céus.

A frase "o Reino dos céus é tomado a força" completa todos os espaços vazios na boca do crente que faz do mérito pré-requisito para sua salvação. Encheu a minha um dia. Nessa argumentação, é necessário o empenho de força, sacrifício e esforço para alcançar o Reino de Deus que está estático, esperando ser alcançado e conquistado por pessoas dignas que trilharam o caminho da dor e do abandono de si mesmo, em um esforço hercúleo. E venceram.

Observe a presença das frases "abandono de si mesmo", "caminho da dor", "sacrifício" e "esforço". Tais palavras conduzem a razão a concordar e validar o pensamento antes mesmo de aprofundar a reflexão. Mas nada seria mais errado e traidor dos ensinamentos e da fé cristã se tomarmos por base a Graça pregada pelo Cristo.

A primeira verdade bíblica que contesta a idéia de um reino a ser alcançado é esta: Deus abriu mão temporariamente do seu trono, encarnou, movimentando-se em direção ao homem para salvá-lo. A salvação do homem depende exclusivamente de Deus e da fé depositada em Jesus, o Cristo. Redenção é trabalho de dEle. O Reino não é estático e passivo. Há um constante movimento entre ambos, mas o primeiro passo é de um Deus amoroso. Sempre. Ainda assim, esse argumento não fornece resposta adequada a questão, apenas refuta uma interpretação errônea.

Embora meus líderes religiosos não tenham me ensinado corretamente, meus professores de português o fizeram. Uma simples análise do fragmento em questão, retirado da passagem de Matheus 11:12, nos ensina que o propósito de Jesus era exatamente o oposto: o Reino não podia ser tomado por força. As autoridades tentavam tomar, dominar, conquistar, subjugar o Reino pregado por Jesus (representado por Ele mesmo) e por João Batista de forma violenta, empregando força.

De que isso me serve? Enquanto muitos desperdiçam tempo preocupando-se em como ser salvo, ou manter sua salvação e não perdê-la, eu posso usar esse tempo para me dedicar ao próximo, refletir minha vida, lançar foco sobre a bondade e a misericórdia de Deus, deixando que a Graça seja minha "rocha e meu escudo". "Gasto" meu tempo amando e sendo amado por Jesus. Não caio mais no erro de acreditar que posso me salvar.

3 comentários:

  1. Concordo, porém com relação a parte sobre "abandono de si mesmo", acho correto.
    Em Marcos 8:34,35 (novo testamento=graça) diz: "E chamando a si a multidão, com os seus discículos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, NEGUE-SE A SI MESMO, E TOME A TUA CRUZ, e siga-me. Porque qualquer que quiser SALVAR a sua vida, perdê-la-à, mas qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, a esse SE salvará."
    O que pensa sobre esse versículo?

    Bjs!
    Prima.

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  2. SIM!!! A intenção é exatamente essa. O que eu quero dizer é que palavras como essa conferem veracidade ao pensamento (o todo) que está errado. Não são os conceitos das palavras que são errados, mas a utilização delas para justificar a ideia. Não proponho negar "abandono de si mesmo", "caminho da dor", "sacrifício" e "esforço", repudio o pensamento que se utiliza dessas palavras para parecer verdadeiro.

    Perceba que tomando esse pensamento por completo ele se volta drasticamente contra a Graça. E é por ela (graça) que brigo. Sou contra o mérito.

    Bjs

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