terça-feira, 15 de março de 2011

Série: A Teologia Me Enganou - Deus Temível





Ouvindo o “herege” Jorge Vercillo percebi: “a gente cresceu ouvindo histórias demais, pra enraizar a culpa em cada um de nós...”. Embora a intenção de sua fala seja questionável, sua afirmativa lançou luz sobre minha infância: eu cresci com medo de Deus.

Lembro-me que fiquei aterrorizado com a aparente violência de Deus interrompendo uma linda festa, cheia de música e danças, e matando um Uzá que segurou a Arca da Aliança para que ela não caísse no chão. Exclamei: “tadinho dele! Ele só queria ajudar!” Não havia explicação capaz de me confortar. Como se fosse pouco, certa vez ouvi de minha professora da escola bíblica dominical: “pra entrar no céu você precisa tirar dez! Em tudo!” Pronto. Além de violento, agora Deus era pior que todos os meus professores juntos, corrigindo a “prova da minha vida” com uma caneta vermelha na mão, pronto para assinalar meus erros. E se Ele era o mesmo Deus de Israel, mandaria um povo de terras distantes para me castigar.

Deus não podia ser questionado, a fé não podia ser indagada, o erro era intolerável. A punição, infalível.

Às vezes acredito que no momento em que a cultura judaico-cristã colidiu com a grega, Deus comunicou (na mentalidade de alguns) seus atributos com Zeus, abandou a Maravilhosa Graça e empunhou raios.

“No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo,
porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor.
Nós amamos porque ele nos amou primeiro”. 1 Jo 4:18-19

A liberdade residia sob as palavras do apóstolo João que eu lera diversas vezes.

Levei tempo pra compreender (ou melhor, aceitar) que a mensagem do Deus de nosso Senhor Jesus Cristo é amor, puro, simples e incondicional. Que seu nome é EMANUEL, “Deus conosco” e não Deus contra mim. Que, na sua onisciência, já sabia todos os meus passos e todos os meus erros, e mesmo assim, quando ainda era seu inimigo, me amou primeiro. Que a frase “temer a Deus” significa respeito e reverência, não medo e distância. Que as historias do Antigo Testamento se desenrolavam sobre outro pano de fundo, muito diferente. Essa imagem de Deus revelada em Jesus Cristo fez toda diferença.

Hoje, imerso na Graça de Deus, duvido da mesma forma que creio: livre e destemido. Retiro uma a uma as máscaras que cobriam meu rosto e encenavam um Thiago artificial.

Se me permite um conselho: deixe-se ser amado por Deus. Lance fora o medo.



Um comentário:

  1. Muito bom, gostei!

    Quando eu era criança tb tinha medo de Deus, de tantas histórias que ouvia, achava que o diabo não existia, que tudo de ruim e de mau que acontecia era Ele...Deus. Pensava: como um Deus desse pode ser "amor"? Mas, se Ele é assim, ok vâmos segui-lo assim mesmo...é o que tem q ser feito e aí fui abrindo os olhos conforme o tempo. Graças a Ele mesmo! : )

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